DILEMA

https://youtu.be/K_sAgzRbMu4

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Cometas

O COMETA HALLEY (6)
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Já depois de Kepler ter publicado as suas famosas leis e Isaac Newton ter elaborado a célebre obra ″Phiolophie Naturalis Principia Mathematica″, Edmond Halley, no século XVII, calculou a órbita dum cometa que nessa altura se encontrava no céu e deduziu que ele regressaria uns 76 anos depois.
Contrariava, de certo modo, o que previra Newton, ao inclinar-se para órbitas hiperbólicas dos cometas, em detrimento das também possíveis elípticas ou parabólicas. No entanto, o cometa voltou, tal como fora previsto! A sua órbita é elíptica, como o astrónomo calculara.
O cometa passou a chamar-se Halley e, sabe-se hoje, há um registo do mesmo cometa observado, em 66 a. C., no Ocidente. Mas o chineses tê-lo-ão visto nas passagens de 240 a. C e 164 a. C.

Por esse tempo já os astrónomos sacerdotes chineses realizavam muitas observações, não só de cometas como a todo o céu. No livro do príncipe Huai Nan há um registo da passagem dum cometa, datando de 1054 a.C.
O Halley é, seguramente, o cometa mais importante de toda a História. Não propriamente pelas suas dimensões e as suas regulares (por vezes espectaculares aparições), mas porque, através dele, se começou a perceber a verdadeira natureza dos cometas e o carácter peculiar destes objectos do Sistema Solar.
É bom lembrar que Aristóteles (384-
322 a.C.) considerava que os cometas tinham origem terrestre e se movimentavam entre a Terra e a Lua, na atmosfera. Segundo ele, esses fenómenos eram nefastos e responsáveis por epidemias e cataclismos, na Terra. O célebre filósofo retomava uma teoria mais antiga atribuída a Xenófanes de Colofão (560-478 a.C), que sustentava que os cometas eram formados pelo fogo produzido por exalações invisíveis com origem na Terra, nomeadamente os gases que saem dos vulcões, durante as erupções.
No entanto, para Pitágoras os cometas eram astros errantes. Outros eminentes gregos, como Demócrito, Anaxágoras e Artemidoro de Parium, produziram outros juízos, mais ou menos imaginativos, mas longe daquilo que hoje se sabe.
Interessante foi a teoria que Séneca (4 a.C. - 65 d.C.) elaborou no livro 7, de Quaestiones Naturalis, certamente depois de cuidadas observações. Para ele os cometas deveriam ser constituídos por um corpo sólido, esférico, donde emanasse uma substância volátil que produzisse uma chama. O seu porte seria responsável pela maior ou menor cauda. Também sugeriu a periodicidade dos cometas, considerando que eles deveriam passar perto do Sol, o que é verdade.
Esta teoria não veio a prevalecer. Na Idade Média retomou-se, como se sabe, muito do que, em épocas anteriores, havia de irracional, agoirento ou demoníaco.

*A gravura mostra como os antigos chineses viram determinados cometas.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

ENGRENAGEM

Para ser publicado no meu blog http://vieiracalado-poesia.blogspot.com decidi ser aqui o espaço mais adequado.
Quem olha para os céus, seja através duma luneta ou dum telescópio, ou simplesmente admira a beleza, a quietude e a transcendência duma noite estrelada, certamente, como eu, sente uma qualquer emoção estética, única e intransmissível.
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Ou não dizia Fernando Pessoa?
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O Binómio de Newton
é
tão belo como a Vénus de Milo…”
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ENGRENAGEM
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Nos confins do mundo
há uma máquina intensamente matemática
uma espécie de moto-contínuo
....que
......por isso mesmo
continuamente desbobina uma engrenagem perfeita
matematicamente perfeita
assim por assim dizer um deus
muitíssimo muito mais complexo
que os deuses da imaginação do homem

e então a máquina
desde o princípio desde o fim
em espiral eterna
...vem
.....vai
pulsando os universos
os céus
as galáxias milhões de anos-luz
os sóis diversos
......................e
impreterivelmente exerce as suas leis na nossa terra
e segue sempre o seu caminho de retorno infinito.

E os bichos da terra
conhecedores dessa máquina
erguem cânticos à máquina
sob as mais variadas formas do grito.


E eu também
bicho da terra
escrevo estas linhas e canto-as
em voz alta no silêncio do meu grito
em homenagem
à matemática intensa
da mãe das leis.

em O Frio dos Dias